O Papel do Técnico de Acção Social, sempre supervisionado por Técnicos superiores da Área Social, tem por objectivo proporcionar um relacionamento dos utentes com as diversas instituições, de forma a promover a sua inserção na comunidade e o seu desenvolvimento pessoal e social.
Competências essenciais:
· Gosto pelas relações pessoais.
· Gosto pelo trabalho em equipa.
· Capacidade de iniciativa, dinamismo e cooperação.
· Capacidade de actuação permanente face às constantes mudanças sociais, culturais e tecnológicas.
Para além do trabalho directo de apoio às populações mais vulneráveis, a nível individual e/ou de grupo o Técnico de Acção Social poderá desenvolver a sua actividade em articulação com outros sectores, designadamente da saúde, da habitação e do emprego, desenvolvendo parcerias num contexto de desenvolvimento local.
O Técnico de Acção Social poderá, por exemplo, trabalhar com uma família em risco de exclusão social e que habita num espaço degradado e sem fontes de rendimento. Neste caso, para responder à situação desta família, a intervenção deste Técnico poderá envolver a colaboração com diversas instituições, nomeadamente a autarquia local, de forma a solucionar as necessidades habitacionais e os centros de emprego locais para a sua inserção no mercado de trabalho.
O Técnico de Acção Social poderá desenvolver a sua actividade integrado numa equipa multidisciplinar, isto é, composta de acordo com o problema a resolver, por assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, profissionais de saúde, terapeutas, etc.
Campos de Actuação
A Acção Social tem como principal objectivo actuar junto dos segmentos da população mais vulnerável, sendo que nesse mesmo âmbito se definem os campos de actuação do Técnico de Acção Social.
Assim, o Técnico, integrado em instituições e/ou em projectos, poderá vir a trabalhar com diferentes grupos-alvo, nomeadamente:
· Toxicodependentes:
A Toxicodependência, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) é “Um estado psíquico e às vezes também físico, resultante da interacção entre um organismo vivo e uma substância, que se caracteriza por modificação do comportamento e por outras reacções que se compreendem sempre um impulso para a consumir de modo contínuo ou periódico, a fim de obter os seus efeitos psíquicos e, por vezes, para evitar o mal-estar devido à privação. Este estado pode ou não acompanhar-se de tolerância e um mesmo indivíduo pode estar dependente de várias drogas.”.
O Toxicodependente vive numa relação de exclusividade com o produto que consome. É uma relação bastante complexa, já que num primeiro momento é intensa e positiva, para posteriormente passar a ser motivo de sofrimento.
As relações que estabelece, designadamente com a sua família, são pouco saudáveis, uma vez que a sua dependência tende a gerar graves conflitos.
A nível social e laboral, sente dificuldades graves. A sua capacidade em relacionar-se com pessoas que não consomem é diminuta porque também sente dificuldades em realizar actividades das quais possa retirar prazer. Frequentemente tem problemas no trabalho, quando inserido profissionalmente, pois não consegue cumprir as exigências laborais, nem retirar dessas actividades qualquer tipo de prazer.
O tratamento do Toxicodependente pode ser efectuado por inúmeros serviços com responsabilidade pública ou privada, através do regime de ambulatório ou internamento.
Temos, por exemplo:
- O Instituto da Droga e da Toxicodependência, que garante serviços na área da Toxicodependência nas três áreas de intervenção: Prevenção Primária, através da Unidades de Prevenção; Prevenção Secundária, através dos Centros de Atendimento a Toxicodependentes (ambulatório) e na Prevenção Terciária através das Comunidades terapêuticas (internamento).
- Os Departamentos de Psiquiatria e Saúde Mental de alguns Hospitais que efectuam consultas e internamentos, assim como procedem às respectivas desintoxicações.
- Os Centros de Saúde, através dos médicos de família.
· Alcoólicos:
A noção de perigosidade do álcool para a saúde pública e o conhecimento científico dos seus efeitos a nível psicossomático revelam-se importantes, uma vez que o álcool causa no indivíduo perturbações orgânicas e psíquicas e, consequentemente perturbações da vida familiar, profissional e social, com as suas repercussões económicas, legais e morais.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) define os alcoólicos como: “Bebedores excessivos, cuja dependência em relação ao álcool se acompanha de perturbações mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico. Devem submeter-se a tratamento.”.
O alcoolismo é mais do que um problema de índole individual, pode considerar-se uma perturbação que afecta toda a família, já que todos os elementos estão envolvidos quer no desenvolvimento do processo, quer no seu tratamento. Porém, o alcoolismo não pode ser entendido unicamente como uma doença, no sentido de ser alvo apenas de cuidados médicos, antes é necessário compreender a confluência de vários factores, designadamente sociais, económicos e sociológicos.
· Famílias Desestruturadas:
A família é um grupo institucionalizado, relativamente estável, e que constitui uma importante base da vida social. A família pode ser considerada como um sistema, pois é composta por:
- Objectivos e respectivos atributos e relações;
- Subsistemas ou supra-sistemas, todos eles ligados de forma hierarquicamente organizada.
Uma família está sujeita a um tipo de pressão interna que é resultado dos comportamentos dos seus membros e dos seus subsistemas, no entanto, uma família também está sujeita a pressões externas, relacionadas com a adaptação que cada um dos seus membros, dos seus subsistemas e da família no seu todo tem que fazer às instituições sociais.
Assim, a desestruturação da vida familiar pode ocorrer com dificuldades a estes níveis.
É então considerada fundamental a abordagem sistemática, pois a sua preocupação central reside no facto de analisar a interacção que se estabelece entre os indivíduos numa dada família e as relações que eles mantêm com o exterior. Dentro de um sistema, todos os elementos se organizam em função de uma dada finalidade, acabando por cada um desempenhar uma função dentro do sistema familiar.
Deste modo, quando se pretende analisar uma determinada dificuldade/problema de acordo com a Teoria Geral dos Sistemas, não se pode analisá-lo somente nos indivíduos, mas é fundamental analisar o todo, isto é, as partes com as quais esse problema estabelece relações. As razões do problema não podem ser somente procuradas em cada indivíduo, mas nas relações com todas as partes com que ele vai estando em contacto.
· Minorias Étnicas com problemas de integração:
Tende a denominar-se por Minorias Étnicas aquelas populações com uma realidade cultural e social diferente da dominante.
A visão actual da Europa com uma única identidade cultural homogénea é impossível, pois o pluralismo e a diversidade são cada vez mais notórios.
Actualmente faz sentido falar em multiculturalidade ou em sociedades multiculturais, pois é cada vez maior a diversidade étnico-cultural das sociedades ocidentais.
A abertura dos mercados em termos económicos e a filosofia da Europa comunitária, que conduz à livre circulação de pessoas e mercadorias, aproximou povos e populações culturalmente diferenciados, colocando face a face grupos étnico-cultural bastante diferentes a que se juntaram grupos populacionais oriundos do exterior da Europa comunitária, acentuando uma heterogeneidade social e cultural.
Estes fenómenos pressupõem a coexistência de grupos diferenciados, e esta não é pacífica pois, muitas vezes, tem criado relações conflituosas, reacendendo fenómenos de xenofobia, de segregação e de racismo.
A coexistência de vários povos com culturas diversificadas num mesmo espaço tem levantado problemas aos órgãos políticos, pelas dificuldades que daí advém.
Hoje vivemos em sociedades profundamente multiculturais e é nesse sentido que os interventores sociais devem caminhar, e, com este propósito têm sido desenvolvidos inúmeros projectos que tendem a integrar os designados grupos minoritários, numa tentativa de inclusão social
· Deficientes:
Segundo a Organização Mundial de Saúde, deficiência é o substantivo atribuído a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica. Refere-se, portanto, à biologia do ser humano.
A expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas portadoras de qualquer tipo (s) de deficiência. Porém, em termos legais, esta mesma expressão é aplicada de um modo mais restrito e refere-se a pessoas que se encontram sob a assistência de uma determinada legislação.
É designado “deficiente” aquele que tem um ou mais problemas de funcionamento ou falta de parte anatómica, embargando com isto dificuldades a vários níveis: de locomoção, percepção, pensamento ou relação social.
Até bem recentemente, o termo “deficiente” era vulgarmente aplicado a pessoas portadoras de deficiência (s). Porém, esta expressão embarga consigo uma forte carga negativa depreciativa da pessoa, pelo que foi, ao longo dos anos, cada vez mais rejeitada pelos especialistas da área e, em especial, pelos próprios portadores. Actualmente, a palavra é considerada como inadequada e estimuladora do preconceito a respeito do valor integral da pessoa. Deste modo, a substituí-la surge a expressão: “pessoa especial”.
A pessoa especial pode ser portadora de deficiência única ou de deficiência múltipla (associação de uma ou mais deficiências).
As várias deficiências podem agrupar-se em quatro conjuntos distintos, sendo eles:
• Deficiência visual;
• Deficiência motora;
• Deficiência mental;
• Deficiência auditiva.
· Idosos:
Chama-se Idoso é uma pessoa de idade avançada.
A Organização Mundial da Saúde classifica cronologicamente como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.
Nos dias de hoje, são poucas as famílias que possuem a disponibilidade para o acompanhamento do envelhecimento dos seus familiares, por diversos factores que emergiram na nossa sociedade.
O sentimento de solidão varia consoante os diferentes factores como: estado civil, imagem de preocupação familiar, contacto com amigos e contexto habitacional. O facto de se encontrarem nas suas casas, não significa que não sejam vítimas de isolamento por parte de familiares e amigos. A falta de afecto e abandono na velhice pode levar a um sentimento de tristeza que é caracterizado como um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a algo ou alguém, que pode ser provocado por circunstâncias relativas a diminuições das capacidades físicas, que por sua vez levam a um distanciamento, podendo levar ao isolamento social.
Também associado a esta situação está o baixo valor das pensões da reforma que podem ser uma das causas de exclusão social, principalmente do grupo de amigos por terem baixo nível económico para participar nos convívios. Por vezes o idoso sente-se revoltado por não ter ninguém com quem partilhar os momentos, angústias e alegrias, gera sentimento de insatisfação. Os idosos ao serem revoltosos começam por ter um mau relacionamento, conduzindo ao afastamento das pessoas mais próximas e alterando as relações sociais em que o idoso se depara.
· Prostitutas:
A miséria é uma das principais causas da chegada à prostituição. Acresce também a baixa auto-estima, que é um factor comum a todas as mulheres que vivem na prostituição.
A violação numa fase precoce da vida parece estar associada à debilidade que leva à prostituição. O dinheiro surge como o grande interesse no negócio da prostituição, que procura “prostitutas maioritariamente de classe baixa”, Podem ganhar 2000 a 3000 euros por mês.
· Sem-abrigo:
Os sem-abrigo, são pessoas cujos rendimentos são insuficientes ou até mesmo inexistentes. É alguém que não possui moradia fixa, sendo a sua residência os locais públicos.
Ser sem abrigo é ter um problema social, que está presente em praticamente em todos os países, como um indicador de desajuste como casos de alcoolismo, distúrbios psicológicos, entre tantos outros.
Os Técnicos de Acção Social, aconselham, assim, as pessoas e/ou famílias sobre os assuntos sociais em causa, sendo o seu principal objectivo ajudar as pessoas a encontrarem os recursos e os meios necessários para a solução dos seus problemas. Desta forma, as pessoas são ajudadas, aconselhadas e envolvidas no processo de procura de respostas satisfatórias para os seus problemas.
Cabe também ao Técnico de Acção Social, em conjunto com outros Técnicos, detectar as necessidades das pessoas ou de grupos e procurar com eles as respostas necessárias.
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